FESA Entrevista Dra. Raquel Oliveira, Gerente Geral de Saúde e Segurança no Trabalho na ArcelorMittal
No dia 28 de abril é comemorado o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho e para falar desta data e deste tema, convidamos a Dra. Raquel Oliveira, Gerente Geral de Saúde e Segurança Longos Brasil na ArcelorMittal.
Nossa convidada falou sobre a sua trajetória na Medicina do Trabalho e como o tema pode ser relacionado com os profissionais de RH. Confira!
Como começou a trabalhar com Medicina do Trabalho?
Eu concluí a Faculdade de Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1997, e cursei a residência em Saúde Pública e Coletiva e Medicina do Trabalho. Nessa ocasião também pude conduzir meus estudos com formação em estatística e análise de dados e gestão de saúde coletiva.
Posteriormente, e para aprofundar os conhecimentos fundamentais para atuar na área de saúde e segurança do trabalho, ingressei na Faculdade de Engenharia da UFMG. Também tive a oportunidade de cursar pós-graduação em Higiene Ocupacional pela Universidade de Chicago, a University of Illinois at Chicago. Essas escolhas me ajudaram a estabelecer um melhor embasamento para exercer a Medicina e Segurança do Trabalho.
A Saúde e Segurança no Trabalho se consolidou como uma agenda empresarial. Como enxerga a pauta no Brasil nos últimos anos?
A Saúde e Segurança no Trabalho tem se consolidado como uma agenda transversal no Brasil e no mundo. Temos observado a importância crescente que tem tomado principalmente no que se refere ao principal e mais importante ativo das empresas: as pessoas.
Dessa forma, as práticas e ações voltadas para processos de trabalho seguros e uma organização preparada para que os empregados tenham qualidade de vida e saúde e segurança no trabalho, tem adquirido outra proporção e visibilidade. Além disso, essa pauta é sensível, pois faz referência também à responsabilidade social das empresas e o valor que reflete sua missão.
Como a inovação e as novas tecnologias têm ajudado a área de Saúde e Segurança no Trabalho nas empresas?
Sem sombras de dúvidas as novas tecnologias e a inovação são importantíssimas para que os processos e as atividades de trabalho sejam mais seguros, pois por meio delas surgem hierarquias de controle e controles de engenharia mais robustos que efetivamente diminuem a exposição e a presença do homem nas situações de risco e exposição a acidentes.
Posso citar, por exemplo, sistema de detecção de pessoas e veículos, barreiras físicas e com sensores para efetivamente impedir o acesso a equipamentos móveis e áreas de risco.
Como o setor de RH pode se envolver com a Segurança do Trabalho? Quais são as suas responsabilidades?
O RH é um grande parceiro da Saúde e Segurança no Trabalho. Por princípio, o trabalho correto é o trabalho seguro! Dessa forma, a definição do perfil do profissional e toda a sua formação e desenvolvimento dentro da organização impactam diretamente na entrega do trabalho seguro e na tomada de decisão durante o trabalho.
Dessa forma o desenvolvimento, plano de carreira, avaliação de resultados e entregas de performance, quando adequadamente estruturadas considerando o pilar da saúde e segurança contribuem e muito para o trabalho seguro.
Como o tema Segurança do Trabalho movimenta a área da Siderurgia? Quais entidades dão suporte para a pauta?
O tema de Segurança do Trabalho faz parte e está presente na agenda da siderurgia envolvendo as discussões dos times técnicos em congressos, workshops, grupos de trabalho e benchmarking entre as siderúrgicas. Além disso, está na pauta das discussões de entidades de classe como o Instituto Aço Brasil (IABR), além de discussões para elaboração de leis e conversas políticas e ministeriais.
Durante a sua carreira, qual foi o maior projeto que realizou para a segurança do trabalho? Poderia contar como começou a implantação dos resultados?
Tive a honra de participar da concepção e operacionalização dos Programas de Cultura — Take Care e Safety Leadership — que representam uma jornada de humanização das práticas de segurança e de abertura de comunicação, empoderamento dos empregados, criatividade e desenvolvimento de um aprendizado com andragogia.
De uma forma simples, desenvolvemos os conceitos de antecipação e eliminação dos riscos, autocuidado e cuidado coletivo. Tudo isso com exemplos práticos, que fazem parte da realidade operacional, o que aumenta o significado e potencializa a tradução da importância do tema.
Também adicionamos a participação das famílias e amigos nessa jornada de cultura de segurança humanizada com o intuito de reforçar o valor do trabalho seguro.
Hoje somos mais de 31.519 empregados próprios e terceirizados treinados no Take Care e 4.334 empregados próprios e terceirizados no Safety Leadership. O nosso lema é “Começa comigo e continua conosco: porque NÓS nos importamos e cuidamos.”.