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O que o mundo espera das organizações? Richard Barret conversa com empresários brasileiros sobre cultura e liderança

Evento foi promovido pela FESA Group e contou com a participação de c-levels de grandes empresas brasileiras

A pandemia de Covid-19 trouxe novos comportamentos para a sociedade e exigiu um desenvolvimento acelerado nas empresas. Temas como ESG e cultura organizacional nunca foram tão relevantes como agora. Mas como gerenciar a cultura e desenvolver líderes em um mundo pós-Covid-19? O que os colaboradores precisam para serem inovadores e criativos? O que os líderes precisam para criar organizações de alto desempenho? O que a pandemia nos ensinou? Richard Barrett, fundador do Barrett Values Center e um dos principais influenciadores mundiais de cultura e liderança, falou sobre esses temas a empresários brasileiros e mostrou como implementar a transformação cultural e criar equipes de alto desempenho. O encontro virtual foi promovido pela FESA Group.

“Nunca houve uma crise global que afetou tantas vidas desde a Segunda Guerra Mundial como a Pandemia da Covid-19. Criou-se uma ‘grande pausa’ que permitiu que todos reexaminassem suas vidas e forçou nossas organizações e líderes a repensarem como atuam”, iniciou Barret. Segundo o autor, os maiores impactos foram sentidos em nossos valores pessoais, nas culturas organizacionais e nos valores de liderança.

De acordo com um estudo conduzido pelo instituto de Barret em maio de 2020, com o objetivo de entender o impacto da pandemia na cultura das organizações, em relação aos valores pessoais, houve um grande aumento na preocupação com o “bem-estar pessoal”. Em uma escala de avaliação de importância idealizada pelo pesquisador, o valor, que antes ocupava a 26ª posição, está agora em 5ª. E três novos valores apareceram entre os dez principais valores pessoais dos entrevistados: o de cuidar, fazer a diferença e adaptabilidade.

Barret contou ainda que o estudo apontou alguns novos valores organizacionais, que surgiram durante a pandemia, que foram bem aceitos pelos colaboradores e, que funcionariam bem diante do novo normal que se desenha pós-pandemia. São eles: a agilidade, adaptabilidade, conectividade digital, equilíbrio trabalho/vida, compartilhamento de informações.

“Os empregadores terão que acomodar o trabalho em casa e no escritório a partir de agora, se quiserem atrair os melhores talentos. Tivemos relatos como ‘Sinto-me mais produtivo. Tenho menos distrações’. ‘Posso usar esse tempo de outras maneiras. Posso passear com meu cachorro na hora do almoço, o que é muito bom para minha saúde mental’, ou mesmo ‘Não me importo de vir uma vez por semana, mas adoro trabalhar em casa’”, contextualizou Barret reafirmando ainda que, para as lideranças, valores como inovação, agilidade, sustentabilidade e sociedade deverão ser o foco.

ESG

As práticas ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG) têm ganhado a cada dia mais importância entre consumidores, investidores e reguladores. Barret contou que, para ajudar neste processo, um bom direcionamento pode ser os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) criados em 2015 pela Assembleia Geral das Nações Unidas e que devem ser alcançados até o ano de 2030. “Uma maneira de medir o progresso nessa área é focar nos ‘5 Ps’ que moldam os ODS: Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parcerias”, explicou.

Mas qual é a importância de ter uma cultura alinhada aos 5Ps para a sustentabilidade de um negócio? Barret é categórico: “Toda organização precisa tornar a viabilidade financeira e a estabilidade uma preocupação primordial. Sem lucros ou acesso a um fluxo contínuo de fundos, as organizações rapidamente perecem. Porém, quando as empresas se concentram demais na viabilidade financeira, elas desenvolvem um foco insalubre de curto prazo no valor para o acionista”, pontuou.

Entropia cultural

Barret também chamou a atenção para a quantidade de energia que é consumida em uma organização ao fazer trabalhos desnecessários ou improdutivos, ou seja, aquele trabalho que não agrega valor. Para este tipo de trabalho, o pesquisador usa o termo de Entropia Cultural. “É uma medida de conflito, atrito e frustração que os funcionários encontram em suas atividades do dia-a-dia que impedem a organização de operar com desempenho máximo e causam estresse nos funcionários e impedem que suas necessidades sejam atendidas”, explicou.

Para exemplificar como esse fenômeno impacta significativamente no engajamento dos empregados, foi realizada uma pesquisa com 163 organizações na Austrália, pela Hewitt Associates e o Barrett Values Center, em 2008. Quando a entropia cultural atinge percentuais menores que 10%, seus colaboradores são considerados altamente engajado. Já nos percentuais de 11 a 20%, são considerados engajados. Quando o percentual fica entre 21 a 30%, os colaboradores estão se tornando desengajados. Com o percentual atingindo 40%, eles já estão desengajados e acima de 40%, altamente desengajados.

O que nós aprendemos sobre liderança na pandemia?

Barrett desenvolveu um modelo chamado de “sete níveis de consciência”, que permite compreender como pessoas, líderes e organizações evoluem durante as várias etapas da vida e como a incorporação de valores ganha importância ao longo do processo de desenvolvimento. São sete os níveis de consciência que as empresas precisam percorrer, a fim de alcançarem a plenitude de uma organização integrada e que realmente contribua com a sociedade de forma efetiva, são eles: nível um: viabilidade, nível dois: relacionamento, nível três: desempenho, nível quatro: evolução, nível cinco: alinhamento, nível seis: colaboração e nível sete: contribuição. “Os líderes mais bem-sucedidos são aqueles que desenvolvem organizações de espectro completo, com a capacidade de superar os desafios associados a todos os níveis de desenvolvimento organizacional”, afirmou.

Richard Barrett

É fundador e presidente do Conselho do Barrett Values Centre, autor, palestrante e reconhecido internacionalmente como um dos mais influentes pensadores nos temas de liderança e evolução dos valores humanos nos negócios e na sociedade. Ele é membro do World Business Academy, do Wisdom Council of the Center for World Spirituality, conselheiro honorário do Spirit of Humanity Forum e ex-membro do World Bank. Richard também é conferencista convidado no curso de liderança do Consulting and Coaching for Change, dirigido conjuntamente por HEC Executive Education em Paris, na França, e a Saïd Business School, na Universidade Oxford, no Reino Unido. Ele também é professor Adjunto na Universidade Royal Roads, no Canadá, e conferencista convidado na Universidade Exeter, no Reino Unido.

Dentre suas obras, destacam-se: A New Psychology of Human Well-Being (2016), Evolutionary Coaching (2014), The Values Driven Organization: Unleashing Human Potential for Performance and Profit (2013), What My Soul Told Me (2012), Love, Fear and the Destiny of Nations (2011), The New Leadership Paradigm (2010), Building a Values-Driven Organization (2006), Liberating the Corporate Soul (1998). Richard é o criador dos Instrumentos de Transformação Cultural (CTT) que têm sido utilizados para apoiar a jornada de transformação de mais de 10.000 empresas em 94 países. Mais de 6.000 agentes de mudança, consultores e coaches foram treinados pelo Barrett Values Centre. Nos últimos dez anos, Richard Barrett tem sido frequentemente chamado por grandes organizações na Austrália, África do Sul, Canadá, Reino Unido, Estados Unidos e Suécia para apoiar líderes na melhoria da performance de suas empresas através do desenvolvimento de uma cultura baseada em valores.

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