A transformação digital é mais que digital

Um dos termos mais populares dos últimos tempos é a transformação digital. À primeira vista, a transformação digital pode parecer uma mudança de práticas, fazendo antigos processos passarem ao digital. No entanto, ela deve ser entendida como uma mudança de cultura.

Com serviços e bens passando para o formato digital, a tarefa de gerir uma empresa e seus talentos torna-se cada vez mais desafiadora.

A relação entre millenials e a Transformação Digital

Tudo isso ocorre ao passo que surge uma nova geração na força de trabalho, os chamados millennials. Essa geração pode ser entendida como o primeiro grupo demográfico a crescer em uma sociedade de alta tecnologia, servindo como um norte para o futuro.

De acordo com a pesquisa “Millennials at Work”, da PWC, os millennials já representam 25% da força de trabalho no mercado norte-americano, e somam mais de 50% da população indiana.

Em 2020, essa geração já representava 50% da força global de profissionais, ou seja, esse grupo será o maior a compor o mercado de trabalho em números absolutos e, em breve, será a maioria do mercado de trabalho proporcionalmente.

O que isso significa do ponto de vista prático? Muitas coisas! Mudança cultural nas empresas, geração de novas práticas de negócio, alteração na comunicação corporativa e, o mais significativo para o mercado de RH: maior incidência de turnover, como apontam diversos estudos de grandes consultorias.

Isso ocorre porque esses jovens tendem a priorizar ambientes que valorizem os colaboradores e não só possuam, mas vivam na prática o propósito corporativo.

Modelo de gestão do Vale do Silício

Nese contexto, surge o modelo de gestão do Vale do Silício, maior polo de atração destes jovens talentos no mundo.

Muito disso se deve à busca de boa remuneração, mas sobretudo de um ambiente familiar de trabalho que tenha o potencial de crescimento individual, uma extensão da sua vida pessoal e um local onde possa ficar sob os cuidados de uma empresa que tenha carinho e cuide de seus colaboradores.

Qual o papel da Transformação Digital na retenção de talentos?

De acordo com o estudo da PWC, 38% dos millennials que estão trabalhando atualmente afirmaram estar procurando ativamente por uma função diferente, e 43% disseram estar abertos a ofertas.

Apenas 18% esperam permanecer com seu empregador atual por um longo prazo. Ou seja, reter talentos é mais importante que nunca, ao mesmo tempo que é ainda mais difícil que antigamente. Diante desse contexto, a transformação digital torna-se essencial não só para impactar positivamente o consumidor, mas também para atrair e engajar colaboradores mais jovens.

Nesse cenário, surgem também as empresas nativas digitais: ou seja, organizações que nasceram como um serviço digital, e não físico.

Dado o contexto em que esses millennials cresceram, transformar os serviços e o atendimento das empresas digitalmente é de suma importância para que os negócios acompanhem não só as melhores práticas do mercado, mas deem ferramentas para a geração nativa digital executar o seu trabalho.

Processos engessados e analógicos podem atrapalhar e afastar os colaboradores millennials da sua empresa, já que são práticas associadas ao passado e a um modelo de negócios visto como ultrapassado — longe do que propõe transformação digital.

Pode parecer uma mudança assustadora, especialmente ao contrapor estes jovens com as gerações mais velhas, como os Baby Boomers e a geração X — é natural que novos hábitos e novas práticas de negócio sofram resistências das gerações antecessoras.

Mas, devido à agilidade dos negócios e o acelerado ritmo de transformação que afeta o mundo de trabalho atualmente, essas mudanças vieram para ficar, e afetam diretamente a capacidade das organizações de reter e atrair os novos talentos do mercado.

O desafio é se adaptar, sem perder a essência. Continuar o trabalho positivo e adaptar o que for necessário às novas práticas do mercado é a essência da mudança de cultura proposta pela transformação digital, mudança esta que presenciamos diariamente.

Por Lucas Espanha, Human Capital Analyst na FESA XFour

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