FESA Entrevista Roberto Xavier, Especialista em Inovação Exponencial e Head da BetaHauss, sobre a potencialização do RH por meio da IA
A IA e o desenvolvimento de novas tecnologias tem sido uma constante nos últimos anos, de forma que essas ferramentas já estão inseridas no mercado de trabalho e ganham cada vez mais notoriedade por suas funções que potencializam os resultados dos departamentos de Recursos Humanos das empresas.
Para debater o assunto, convidamos Roberto Xavier, especialista em Inovação Exponencial e Sócio e Head da BetaHauss, para contar no FESA Entrevista como o RH pode ter sua atuação potencializada ao combinar a IA com a humanização.
A IA já é uma realidade em muitas empresas. Como você avalia o avanço dessa tecnologia no setor de RH? O que tem impulsionado?
O avanço da IA no RH tem sido acelerado por fatores como o aumento na complexidade da gestão de pessoas, o posicionamento cada vez mais estratégico do RH nas corporações, a necessidade de decisões mais ágeis e baseadas em dados e a escassez de talentos em diversas áreas.
Além disso, a transformação digital e a busca por eficiência operacional fazem com que as empresas enxerguem a inteligência artificial como uma aliada estratégica, indo além da automação, a tecnologia eleva para outro patamar a qualidade dos processos e da experiência dos colaboradores.
Quais os principais benefícios que a IA tem agregado para o RH, na sua opinião? Algum benefício se destaca mais no curto prazo?
A utilização da IA resulta em diversos benefícios para o RH das empresas, dentre eles os que mais se destacam são a automação de tarefas operacionais, reduzindo a carga de trabalho repetitivo por meio da ferramenta que dá apoio nas funções operacionais, permitindo assim que o colaborador possa focar cada vez mais no lado estratégico.
Outra grande vantagem da implementação da IA no RH é nas fases de recrutamento e seleção, possibilitando uma melhor triagem de candidatos, reduzindo vieses e otimizando a compatibilidade dos currículos com as vagas disponíveis.
Além disso, uma metodologia que vem ganhando maior notoriedade em meio ao RH, é a de People Analytics, que permite a tomada de decisões baseadas em dados sobre retenção, engajamento e desempenho dos colaboradores.
Quanto aos desafios, quais você observa na implementação da IA no RH? E como as empresas podem superá-los?
Conversando com as lideranças dos mais diferentes setores e empresas, percebo que existe ainda alguma resistência ao processo de adoção da IA nos negócios. Além disso, outro desafio diz respeito à qualidade dos dados, afinal, muitas empresas possuem bons insumos, mas de forma desestruturada, o que acaba gerando pouco valor, tornando menos eficaz a utilização de ferramentas de Inteligência Artificial. Por fim, existe também uma questão ética e de viés algorítmico, pois é necessário adotar medidas que evitem discriminação e garantam transparência nas decisões sugeridas pelo sistema.
Para superar esses desafios, é essencial uma abordagem que sensibilize os gestores, combinando capacitação contínua, governança de dados e envolvimento das lideranças no processo de transformação digital.
Como a IA tem transformado o recrutamento e a seleção de talentos? Além disso, como o uso pode também melhorar a experiência e o desenvolvimento dos colaboradores que já atuam na empresa?
Hoje existem ferramentas que, por meio dos algoritmos avançados, agilizam a triagem de currículos, identificando com maior precisão candidatos que atendem aos requisitos técnicos e comportamentais da vaga. A IA também pode auxiliar por meio dos assistentes conversacionais, que podem oferecer suporte aos candidatos, proporcionando uma comunicação mais ágil e personalizada.
Por outro lado, internamente, para os colaboradores que já atuam na empresa, a ferramenta atua com um papel estratégico na personalização do desenvolvimento profissional, onde por meio da análise de dados, a tecnologia identifica lacunas de competências e sugere treinamentos específicos para cada indivíduo. Com uma abordagem que acelera o desenvolvimento de habilidades, mas também fortalece a retenção de talentos.
Quais são as novas competências que os profissionais de RH precisam desenvolver para trabalhar em conjunto com a IA? E de que forma as empresas podem preparar seus times para essa transição?
Não há mais zona de conforto no atual contexto em que vivemos, todos os profissionais precisam adquirir novas habilidades para se manterem relevantes e competitivos. Dentre esses conhecimentos necessários, identifico que o letramento em IA, que aborda como a Inteligência Artificial funciona e como utilizá-la, o pensamento estratégico, a análise de dados e a gestão da mudança, na qual o colaborador entende como liderar processos de transformação dentro das organizações, são os mais importantes atualmente. Isso porque promover a implementação da IA de forma colaborativa é um fator indispensável atualmente.
De que maneira você enxerga o futuro da IA no mundo corporativo? Você acredita que o domínio dessa tecnologia será uma habilidade essencial para os profissionais, assim como Excel e PowerPoint são hoje?
Assim como o Excel e o PowerPoint foram essenciais para a produtividade no passado, o domínio da IA será absolutamente necessário para os colaboradores no futuro próximo. Empresas e profissionais que souberem utilizar IA para análise de dados, automação de processos e personalização da experiência do colaborador terão uma vantagem enorme no mercado de trabalho.
Quais são as principais tendências que você enxerga para o futuro da IA no RH e na gestão de pessoas?
Pensando a curto prazo, vejo que as principais tendências são a implementação do People Analytics avançado, criação de experiências personalizadas e a utilização da IA generativa no RH, para geração de treinamentos, feedbacks personalizados e comunicação interna.
A IA não é mais o futuro, é o agora. O RH que souber integrar essa tecnologia de forma estratégica e humanizada poderá entregar uma atuação ainda mais relevante e diferenciada dentro das organizações.
Para empresas que ainda estão dando os primeiros passos na adoção da IA, quais são as melhores práticas para garantir que essa tecnologia seja utilizada de forma estratégica, ética e humanizada?
É importante que as companhias comecem aos poucos, validando a implementação em processos específicos antes de expandir para uma utilização da ferramenta por todos os seus colaboradores. Outra necessidade é capacitar seus times, ensinando como interagir com a IA de forma eficiente, mostrando como extrair o máximo de valor para o seu negócio.
Por fim, é importante nunca se esquecer de que a atividade humana é fundamental, afinal, a IA é uma ferramenta, mas as decisões estratégicas continuam sendo tomadas pelos profissionais.
Alguns temem que a IA substitua profissionais no RH. Na prática, como você enxerga essa relação entre tecnologia e trabalho humano?
Costumo falar que a IA está aqui para nos expandir e não nos substituir. Vejo que haverá uma mudança importante na forma de trabalhar, com a IA fazendo cada vez mais tarefas que hoje são feitas por humanos, isso é inevitável. Porém, o que muda, é o foco do trabalho: menos tarefas operacionais, mais estratégia e impacto humano.
No RH, por exemplo, o setor evolui para ser um facilitador da transformação digital, combinando tecnologia e sensibilidade humana para tomada de decisões mais inteligentes e personalizadas, com protagonismo maior para o colaborador.