Nos últimos anos, a ideia do que é ser um bom pai tem passado por uma transformação significativa, desafiando vieses estruturais sobre o “papel do homem” na sociedade e promovendo uma visão mais equilibrada e participativa da paternidade, a chamada paternidade ativa.

Essa prática traz inúmeros benefícios não só para a família, mas também para o desenvolvimento pessoal e profissional dos pais. No entanto, apesar das melhorias, ainda há muito a ser feito para alcançar um equilíbrio justo na divisão de responsabilidades na criação dos filhos, e as empresas podem contribuir para o fomento desta realidade.

Neste artigo, você entenderá o que é a paternidade ativa, o que diz a lei sobre licenças parentais e como as empresas podem se posicionar para incentivar a prática. Confira! 

O que é paternidade ativa?

A paternidade ativa é a participação efetiva e constante do pai na vida e na criação dos filhos, indo além das responsabilidades financeiras e englobando o cuidado diário, a educação e o suporte emocional. Um pai ativo está presente nas diversas fases da vida da criança, desde a primeira infância até a adolescência, participando de atividades escolares, brincadeiras, cuidados diários e decisões importantes.

Essa abordagem de paternidade contribui para um desenvolvimento mais saudável e equilibrado das crianças, além de fortalecer os laços familiares, criando um ambiente de confiança e carinho.

Além dos benefícios que os filhos recebem, a divisão de responsabilidades de um pai ativo na criação dos filhos alivia a carga sobre quem desempenha os cuidados maternais, permitindo que haja mais tempo para si e reduza os níveis de estresse e ansiedade desse cuidado diário. Sendo assim, a mãe também tem mais oportunidades de se desenvolver e retomar a vida profissional, equilibrando melhor sua carreira e vida pessoal.

No âmbito profissional, os pais que praticam a paternidade ativa tendem a desenvolver melhor habilidades de colaboração e empatia, altamente valorizadas no mercado de trabalho. Esse comportamento é estimulado a partir da gestão e divisão de tarefas em casa, muito similar ao trabalho em equipe. Além disso, o foco, resiliência e gestão do tempo são aprimorados devido à nova rotina, refletindo diretamente na execução de suas atividades no ambiente corporativo. Ainda, a paternidade ativa é capaz de estimular a criatividade em novos níveis. Afinal, estar em contato com atividades lúdicas e educativas com os filhos pode inspirar novas ideias e abordagens “fora da caixa” no ambiente de trabalho.

O que diz a lei sobre os direitos dos pais

Licença-paternidade

A licença paternidade no Brasil é um direito garantido pela Constituição Federal e pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Conforme a Constituição, os pais têm direito a 5 dias corridos de licença remunerada após o nascimento do filho. No entanto, empresas que fazem parte do Programa Empresa Cidadã podem oferecer uma extensão dessa licença por mais 15 dias, totalizando 20 dias. 

Casos de adoção e guarda judicial

A licença-paternidade em caso de adoção ou guarda judicial segue as mesmas regras da licença parental biológica no Brasil, com validade a partir da data do Termo de Adoção ou Termo de Guarda e Responsabilidade pela criança.

Essa política visa proporcionar um período inicial crucial para o estabelecimento de vínculos afetivos e ajustamento familiar, reconhecendo a importância dos pais na adaptação e desenvolvimento da criança.

Casais homoafetivos

Para casais homoafetivos, a licença-paternidade funciona de maneira similar à licença para casais heteronormativos. Neste caso, ficará a cargo do casal decidir qual dos pais receberá a licença de 120 dias, e o outro receberá a de 5 dias, ambas podendo ser estendidas conforme apresentado anteriormente.

Esse direito busca garantir que ambos os pais possam participar ativamente dos cuidados e da criação da criança, promovendo igualdade e apoio à estrutura familiar moderna.

Como as empresas podem incentivar a paternidade ativa?

Empresas que incentivam a participação dos pais na criação de seus filhos contribuem para o bem-estar dos colaboradores e suas famílias. Isso não só melhora a qualidade de vida dos funcionários, mas também aumenta a satisfação e o engajamento no trabalho.

Além disso, apoiar a paternidade ativa reflete uma cultura organizacional inclusiva e equitativa, fortalecendo a reputação da empresa e tornando-a mais atraente para talentos diversos.

 Algumas práticas que podem ser implementadas incluem:

1. Licença-parental estendida: oferecer uma licença-parental além dos 5 a 20 dias previstos em lei é uma possibilidade e um passo importante. Empresas que adotam essa prática mostram comprometimento com o bem-estar familiar de seus colaboradores.
2. Horários flexíveis: permitir horários de trabalho flexíveis ajuda os pais a equilibrar suas responsabilidades profissionais e familiares, garantindo que disponham de tempo para executá-las em sua plenitude e sem culpa.
3. Pacote de benefícios abrangente: um pacote de benefícios que abarca o contexto parental pode incluir auxílio-creche, inclusão de dependentes nos planos de saúde e odontológico, apoio psicológico e outros incentivos que facilitem a vida dos pais.
4. Atividades voltadas para a família no escritório: para regimes híbridos ou presenciais, de tempos em tempos, organizar atividades voltadas para a família no ambiente de trabalho pode fortalecer os laços familiares e a cultura organizacional.
5. Promoção do equilíbrio entre trabalho e vida pessoal: incentivar uma cultura que valorize o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é fundamental. Isso pode incluir programas de bem-estar, treinamentos sobre paternidade ativa e políticas que apoiem a equidade de gênero.

A importância da paternidade ativa na construção do Employee Value Proposition (EVP)

O Employee Value Proposition (EVP), ou Proposta de Valor ao Colaborador, é a combinação única de benefícios, oportunidades de desenvolvimento e experiências que uma empresa oferece aos seus colaboradores. É um fator-chave para atrair, engajar e reter talentos.

Para melhorar o EVP, uma empresa pode, por exemplo, oferecer programas de desenvolvimento profissional contínuo, criar um ambiente de trabalho inclusivo e diversificado, implementar políticas de equilíbrio entre vida profissional e pessoal, fornecer benefícios de saúde mental e física, e promover uma cultura de reconhecimento e valorização dos colaboradores. Essas práticas não só melhoram a satisfação dos funcionários, mas também fortalecem a marca empregadora da organização.

Incentivar a paternidade ativa entre os colaboradores, por exemplo, é uma forma de agregar positivamente à proposta de valor de uma organização, pois promove um ambiente de trabalho mais inclusivo e equilibrado. Quando as empresas apoiam que pais participem ativamente da criação de seus filhos, demonstram um compromisso genuíno com o bem-estar e a vida pessoal de seus funcionários. Isso não só aumenta a satisfação e a engajamento dos colaboradores, mas também melhora a reputação da empresa como um local de trabalho acolhedor, atraindo talentos que valorizam o equilíbrio entre vida profissional e pessoal.

A paternidade ativa é essencial para o desenvolvimento saudável das crianças, o fortalecimento dos laços familiares e o bem-estar psicológico dos pais. Além disso, pais ativos desenvolvem habilidades valiosas que beneficiam sua carreira profissional. As empresas têm um papel fundamental na promoção da paternidade ativa, podendo oferecer políticas e benefícios que apoiem os pais em suas responsabilidades familiares.

Promover a paternidade ativa é muito mais do que uma tendência; é um movimento necessário para construir uma sociedade mais equilibrada e justa. Afinal, empresas que reconhecem e incentivam essa prática, estão investindo no futuro de seus colaboradores e, consequentemente, no sucesso da própria organização.

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