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Como o Conselho de Administração pode impulsionar uma empresa

Por Cibele Castro*

O papel do Conselho de Administração é fundamental para o sucesso de uma empresa, já que os conselheiros são os responsáveis por estabelecer a estratégia geral, garantir o sucesso a longo prazo da empresa e atuar legal e eticamente, no melhor interesse das partes interessadas (stakeholders), como acionistas, colaboradores, fornecedores, clientes e comunidade. Isso faz com que o Conselho de Administração tome decisões que priorizem a sustentabilidade e o bem-estar a longo prazo da empresa e de seus stakeholders, em vez de tomar decisões baseadas somente em ganhos financeiros de curto prazo.

No cenário de negócios atual, os conselheiros enfrentam inúmeros desafios que exigem avaliação e melhoria contínuas. As forças externas que afetam os negócios estão cada vez mais dinâmicas. A disrupção tecnológica, a mudança dos modelos de negócios, alterações na cadeia de suprimentos, trabalho remoto, incerteza econômica e a ascensão de novos concorrentes estão transformando os negócios. Agora, as forças ambientais, sociais e de governança, estão acelerando seu impacto sobre as empresas afetando sua estratégia, cadeia de valor, reputação e resultado de longo prazo, exigindo que os conselheiros de administração também estejam preparados para comentar sobre questões como justiça social e equidade, mudanças climáticas e outras questões de ESG. Como resultado, os Conselhos devem ser ágeis e proativos em sua abordagem para garantir que a empresa continue competitiva neste ambiente em constante mudança.

Nesse contexto, a avaliação do Conselho e de seus conselheiros oferece a eles uma oportunidade de reflexão sobre o seu próprio desempenho, identificando o que está funcionando bem e o que pode funcionar melhor, com ações objetivas e claras do que poderia ser feito para maximizar sua eficiência.

Os Conselhos podem avaliar seus processos de governança, verificando se possuem as habilidades, conhecimentos e comportamentos necessários para enfrentar os desafios atuais e futuros. Além disso, é essencial checar se o seu papel, a estrutura e os processos estão funcionando plenamente e de acordo com o que se propuseram a fazer.

Uma situação bastante comum em reuniões de Conselho é o conselheiro que chega despreparado, sem ter lido o material disponibilizado e sem estar inteirado sobre a empresa, o mercado e as tendências do setor em que atua. O comportamento desse conselheiro não só prejudica o andamento da reunião como limita bastante sua atuação junto ao colegiado.

Outro exemplo que acontece com frequência é que o material para a reunião não seja disponibilizado em tempo hábil para que os conselheiros façam a leitura prévia com qualidade, dificultando a análise, a discussão e a tomada de decisão.

Um processo contínuo de avaliação, com um plano de ação bem estruturado e implementado pode ajudar a aumentar a confiança dos stakeholders na capacidade do Conselho de Administração de trabalhar em prol do sucesso sustentável e longevo da empresa.

Para maximizar o desempenho do colegiado por meio da avaliação, é importante que o Conselho de Administração aborde o processo de forma aberta e honesta. Isso significa que os membros do Conselho devem ser capazes de ouvir críticas construtivas e usar as informações obtidas a partir da avaliação para melhorar seu desempenho.

Uma vez que a avaliação do Conselho esteja concluída, é importante que o Conselho estabeleça um plano de ação para implementar as melhorias identificadas. Esse plano de ação deve ser mensurável, realista e ter um prazo claro para a conclusão. Além disso, o Conselho deve monitorar de perto o progresso das melhorias implementadas e fazer ajustes quando necessário.

Em alguns processos de avaliação, o resultado atingido não é o desejado. Isso pode acontecer por alguns motivos, como o Conselho não estar aberto a ser avaliado ou mesmo a implementar as mudanças indicadas, ou porque o processo de avaliação não é abrangente o suficiente. Além disso, alguns planos de ação resultantes das avaliações não prosperam porque o Conselho não estabelece um plano de ação que seja mensurável, realista e que tenha um prazo claro para a conclusão. O monitoramento feito de perto e os ajustes regulares e necessários ao longo do caminho são cruciais para garantir que a avaliação seja bem-sucedida e que o Conselho esteja preparado para enfrentar os desafios atuais e futuros que se apresentam diariamente.

Gabriela Baumgart, empresária, presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e conselheira do Grupo Baumgart, Track & Field e Faber Castell Brasil, traz uma reflexão importante e que gosto de reiterar quando o tema vem à tona: a avaliação dos conselhos aprimora a governança das organizações ao aumentar a interação entre conselho e diretoria, ao aperfeiçoar processos e fluxos, ao contribuir para o desenvolvimento dos próprios conselheiros, ao melhorar os processos de atração e renovação de conselheiros e executivos, ao reforçar o papel do conselho como direcionar estratégico e guardião de princípios, valores e da cultura organizacional. No momento que vivemos, de um ambiente de negócios extremamente complexo, fica ainda mais evidente a necessidade de processos que permitam identificar deficiências e oportunidades do colegiado.

Em resumo, a avaliação do Conselho de Administração é uma ferramenta valiosa que pode ajudar a garantir a perenidade sustentável da empresa a longo prazo. Os conselheiros devem abordar a avaliação de forma aberta e proativa, estabelecendo objetivos claros e um plano de ação concreto para maximizar seu desempenho no enfrentamento dos desafios.

*Cibele Castro lidera a prática de Governança Corporativa da FESA Group

Artigo publicado originalmente no portal Administradores.com.

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