Skip links

FESA Entrevista Ana Bracarense, executiva PcD, para o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência

O Brasil abriga uma comunidade diversa de milhares de pessoas com algum tipo de deficiência, todas elas em busca de inclusão social e oportunidades no mercado de trabalho. No entanto, ainda persiste uma crença prejudicial de que a presença de uma deficiência torna alguém incapaz de desempenhar certas atividades. Esta concepção equivocada, na grande maioria das vezes, transforma-se em um mito que perpetua discriminações.

Como diversidade e inclusão é um dos pilares do Ecossistema FESA, e com a consciência de que ser PcD é uma condição especial, não uma limitação, a FESA Group convidou e teve o prazer de conversar com a palestrante motivacional e treinadora especializada na área de PcDs, Ana Bracarense, para a quinta edição do FESA Entrevista e para comemoração do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Confira abaixo:

 

FESA Group – Quem é a Ana Bracarense? Você pode nos contar mais sobre sua jornada pessoal e profissional? 

ANA BRACARENSE – Meu nome é Ana Bracarense, e minha trajetória é marcada por muita luta. Sou graduada em Matemática e Administração, e também tenho uma pós-graduação em Logística. Atualmente, sou empresária e atuo no campo da consultoria, com foco em vagas para pessoas com deficiência (PcD).

Minha jornada como PcD começou com 1 ano e 4 meses, quando sofri um acidente que mudou minha vida. Um portão caiu sobre mim, e a lança perfurou minha cabeça. Além disso, tive um problema respiratório que comprometeu 50% da minha respiração. Apesar dessas adversidades, sempre mantive relacionamentos profissionais harmoniosos, desde a pessoa que cuidava do cafezinho até o diretor-geral. Agora, como consultora especializada em inclusão de PcDs, me sinto comprometida em ajudar outras pessoas a encontrar oportunidades e superar barreiras no mercado de trabalho. 

 

FESA Group – Quais são os mitos mais comuns que as pessoas têm em relação às pessoas com deficiência no ambiente de trabalho? 

ANA BRACARENSE – Essa pergunta me traz um misto de experiências, porque no ambiente de trabalho fiz amizades valiosas que perduram até hoje, mas também enfrentei situações de exclusão. Por exemplo, houve momentos em que me disseram que eu não seria capaz de lidar com tarefas complexas no Excel, simplesmente porque sou deficiente. No entanto, sou formada em Matemática e posso realizar tarefas desafiadoras com a mesma competência que qualquer outra pessoa. A verdade é que a deficiência não define minha capacidade. E acho que esse é um dos maiores fatos que devemos e temos que desmistificar.

Minha mensagem é clara: não subestime as habilidades e a capacidade de superação de uma pessoa com deficiência. O que realmente importa é a vontade de enfrentar desafios e provar que somos capazes de tudo que nos propomos a fazer.

FESA Group – Como você vê a participação de PcDs nas empresas? Sente que isso tem melhorado com o tempo? 

ANA BRACARENSE – Sendo bem sincera, ainda tem muito o que melhorar. É preocupante notar que, no Brasil, somos cerca de 45 milhões de PcDs, mas apenas 1% de nós está empregado. Isso é um indicativo claro de que a inclusão, apesar da existência da Lei de Cotas há 30 anos, ainda não se efetivou nas empresas. Muitas vezes, somos apenas “integrados” de maneira superficial, colocados à margem da verdadeira inclusão.

A verdadeira inclusão vai além de apenas ter PcDs nas empresas. Envolve criar um ambiente onde todos trabalham juntos, ajudando uns aos outros. É sobre criar um espaço onde todos possam contribuir plenamente, independente de suas capacidades individuais. Infelizmente, a realidade é que muitas vezes nos encontramos “integrados” no sentido de que estamos fisicamente presentes, mas não verdadeiramente incluídos. 

 

FESA Group – Que conselhos você daria aos profissionais de RH e para as empresas que desejam criar ambientes de trabalho mais inclusivos para pessoas com deficiência? 

ANA BRACARENSE – A verdadeira inclusão é um processo contínuo que requer a participação ativa de todos, das empresas e da sociedade em geral. E é aí que aconselho as empresas a se certificarem de que as instalações do ambiente de trabalho sejam acessíveis para todos – isso inclui rampas, elevadores, banheiros adaptados, etc -, tecnologias e ferramentas acessíveis, e a oferecer treinamentos e sessões de sensibilização, que podem ajudar a eliminar preconceitos e estereótipos. Eu, inclusive, faço um treinamento bem bacana. Ou seja, é um processo contínuo que requer compromisso e esforço de todos na organização, mas os benefícios são recompensadores!

 

FESA Group – Poderia compartilhar um pouco mais sobre esse treinamento de sensibilização que você comentou? 

ANA BRACARENSE – O treinamento é presencial e aborda a questão da inclusão de pessoas com deficiência (PcDs) de uma maneira prática e empática com várias atividades para proporcionar essa compreensão de forma tangível.

Uma das atividades envolve vendar os participantes e pedir que outras pessoas os guiem. Essa experiência oferece insights sobre a importância da confiança e da comunicação clara entre as pessoas, especialmente quando se trata de confiar em alguém para ajudá-lo a navegar em situações desconhecidas. É uma maneira eficaz de ilustrar como as PcDs frequentemente dependem da assistência de outras pessoas em tarefas cotidianas.

Outra atividade que incorporo é colocar os participantes em cadeiras de rodas. Isso levanta questões importantes sobre acessibilidade e como a infraestrutura física pode afetar a mobilidade das PcDs. Muitas vezes, essa atividade leva os participantes a perceberem que a acessibilidade é mais do que apenas rampas e banheiros adaptados; envolve uma mentalidade inclusiva em todos os aspectos do ambiente de trabalho. Essas experiências práticas podem abrir os olhos das pessoas para os desafios enfrentados pelas PcDs no ambiente de trabalho e inspirar mudanças positivas que beneficiam a todos.

 

FESA Group – Por fim, você gostaria de contar alguma curiosidade ou alguma história que julgue relevante? 

ANA BRACARENSE – Quando sofri o acidente, o médico afirmou que eu tinha apenas de 2 a 5 dias de vida, mas escolhi desafiar as probabilidades e provar que a vida é imprevisível e cheia de surpresas. E aqui estou eu hoje!

Uma das previsões do médico era que eu também teria dificuldades em áreas como a matemática. Ironicamente, nasci no Dia Nacional da Matemática, o que, de certa forma, parecia um sinal de que essa ciência seria parte fundamental da minha jornada. Decidi contrariar todas as previsões negativas e transformar minhas paixões em uma parte significativa da minha vida. 

Com isso espero inspirar as pessoas ao meu redor, mostrando que, mesmo diante de desafios aparentemente insuperáveis, é possível encontrar a força interior para superá-los e viver uma vida plena! Convido vocês a visitarem meu trabalho: https://www.clickconsultoriapcd.com/

Entre em contato conosco e saiba como podemos ajudar a conectar a estratégia de gente com a do seu negócio!





    Conheça nossas soluções: