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Governança Corporativa: o que é, benefícios e boas práticas

A competitividade do mercado exige das empresas e organizações estratégias sólidas para se destacar da concorrência e ter lucratividade. Nesse cenário, a governança corporativa direciona a conduta ética de atuação empresarial. 

Sob os princípios de transparência, integridade e equidade, e respaldado no ESG, a condução de um negócio demanda a definição de boas políticas administrativas e financeiras para alcançar os objetivos e não se perder no meio do caminho. 

Neste conteúdo, você entenderá o que é a governança corporativa, quais os seus objetivos, princípios e empresas elegíveis. Continue a leitura, conheça os benefícios dessa prática e como desenvolver na sua empresa!

O que é governança corporativa?

De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), governança corporativa é o “sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”. 

Esse sistema engloba princípios, regras, estruturas e processos, tendo como intuito gerar valor sustentável para a organização e toda a base de stakeholders. Entre os pontos de relevância que dão consistência ao conceito de governança corporativa, destacam-se: 

  • transparência nas operações financeiras e contábeis;
  • formação de conselho administrativo;
  • práticas anticorrupção (cibersegurança);
  • relação com entidades governamentais;
  • auditorias;
  • remuneração dos acionistas;
  • canal de denúncias disponível;
  • relatórios com informações verdadeiras e honestas;
  • relacionamento político.

A governança corporativa exerce um papel importante na organização, atuando sempre em prol do sucesso do negócio, sustentando-se em objetivos, como:

  • aprimoramento da gestão — focar na melhoria do desempenho e da tomada de decisões, otimização dos processos e redução de riscos;
  • proteção dos interesses de investidores e acionistas — garantir o acesso a informações claras e precisas sobre a performance e finanças da empresa;
  • construção da reputação — elevar a credibilidade e o nome da marca junto a clientes, fornecedores, sociedade e parceiros de negócio,
  • acesso a capital — facilitar a atração de novos investidores, concessão de empréstimos, aprovação de financiamentos, emissão de ações;
  • impulsionamento da sustentabilidade e responsabilidade social — promover práticas e ações responsáveis e sustentáveis considerando os impactos sociais e ambientais;
  • sucessão e longevidade empresarial — garantir a continuidade do negócio por meio dos planos de sucessão de lideranças e gestão de crises;
  • prevenção de conflitos — mediar interesses entre acionistas, conselheiros, diretores e demais partes envolvidas na empresa, a fim de evitar problemas e prejuízos para a empresa e seus investidores.

Conheça os princípios da governança corporativa

A governança corporativa é regida por princípios básicos definidos pelo Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa. Veja como funciona cada um desses princípios.

Integridade

Prática, promoção e aprimoramento contínuo da cultura ética na organização, equilibrando as decisões para que não sejam tomadas em meio ao conflito de interesses. 

Sob a ótica da governança é imprescindível manter a coerência entre a teoria e a prática, preservando a lealdade à empresa, cuidando para que as partes interessadas, a sociedade em geral e o meio ambiente não sejam prejudicados.

Transparência 

Informações sobre a saúde financeira, condutas ambientais, sociais e de governança da organização devem ser verdadeiras, coerentes e relevantes, independentemente de serem positivas ou negativas. 

O princípio da transparência defende o direito de todas as partes interessadas terem acesso ao que acontece na gestão da empresa, sem ocultação de fatos ou dados. Uma relação transparente, além de mostrar a situação real da empresa, eleva o nível de confiabilidade e confiança.

Equidade

Uma a organização motivada pelo senso de justiça, respeito, diversidade, inclusão, pluralismo e igualdade de direitos e oportunidades tratará seus sócios e partes interessadas de forma justa e com isonomia. 

O princípio da equidade considera os direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas, individuais e coletivas, sem estabelecer preferências ou fazer diferenciações entre as partes, garantindo que o melhor seja feito para todos. 

Responsabilização (accountability

A organização deve prestar contas de sua atuação no mercado, assegurando a transparência e concisão das informações, respeitando os processos e fluxos externos e internos. 

O cumprimento de medidas éticas deve visar a geração de valor sustentável e reconhecimento da responsabilidade diante das consequências de atos e omissões. Atrelado ao princípio da transparência, o princípio da responsabilização abarca as ações, decisões e resultados da organização.

Responsabilidade corporativa

A empresa deve estabelecer o compromisso de agir eticamente e de forma responsável perante a sociedade e o meio ambiente. Mais do que cumprir leis e regulamentos, é preciso considerar os impactos sociais e ambientais das operações. 

O princípio da responsabilidade corporativa almeja reduzir os efeitos negativos e aumentar os positivos no ambiente externo, considerando o modelo de negócios, os diversos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, natural, reputacional) e as estimativas empresariais de curto, médio e longo prazo.

Toda empresa pode aderir às práticas de governança?

As companhias de capital aberto são as que mais aderem às práticas recomendadas pelo Código Brasileiro de Governança Corporativa. De acordo com o estudo “Pratique ou explique: análise dos informes de governança das companhias abertas brasileiras (2024), 67% das empresas abertas aderem à governança corporativa

Já aquelas que integram o Novo Mercado, listagem da Bolsa de Valores que reúne as empresas abertas com os mais elevados padrões de governança corporativa, já somam quase 80% de aderentes.

Quais os benefícios proporcionados pela governança corporativa nas empresas?

A empresa ou organização que incorpora as boas práticas de governança corporativa em seu modelo de gestão, só tem a ganhar com aplicação de princípios tão importantes em seus processos, decisões e ações empresariais.

Veja as principais vantagens de adotar a governança corporativa e seus princípios:

  • contribui para a criação de negócios perenes;
  • reduz custos;
  • evita conflito de interesses;
  • previne problemas, como erros e fraudes;
  • impulsiona o potencial de tomada de decisões estratégicas em prol do negócio;
  • aumenta o interesse de investidores;
  • facilita a captação de recursos;
  • evolui na agenda estratégica, social e ambiental, de ESG;
  • aumentar a visibilidade de mercado;
  • melhora o desempenho operacional;
  • promove relações transparentes. 

A governança corporativa tem o poder de alinhar interesses, preservando e otimizando o valor econômico da empresa. Com o tempo é possível perceber uma melhora significativa na qualidade da gestão devido às práticas pautadas na verdade e honestidade.

Como é o cenário de governança corporativa no Brasil?

As empresas listadas na bolsa de valores precisam, obrigatoriamente, ter conselhos de administração. No entanto, nem sempre a transparência ocorre de forma adequada, comprometendo a efetividade da governança corporativa.

Desde os anos 1990, quando ocorreram as privatizações e abertura do mercado nacional, o movimento de consolidação da governança corporativa no Brasil vem crescendo, sobretudo, quando se trata de gerenciamento de riscos, promoção da diversidade e transparência na divulgação de dados ESG, conforme a visibilidade desses tópicos. 

Entretanto, comparado à maturidade alcançada em países como Estados Unidos, Japão e Alemanha, ainda há espaço para evolução.

Muito mais do que simplesmente cumprir normas, as empresas precisam, genuinamente, agir sob o prisma da ética e transparência em busca da criação de valor sustentável se quiserem se aproximar do que é praticado em economias desenvolvidas. 

Ter conselhos mais diversificados e autônomos, participação ativa dos stakeholders e  condutas bem estabelecidas é fundamental para que a governança corporativa se firme com confiança e consistência.

A importância da diversidade em conselhos administrativos 

Uma das características fundamentais de um conselho bem estruturado é o foco na estratégia de longo prazo. Ele deve garantir a sustentabilidade e o crescimento da organização, evitando se perder em detalhes operacionais ou na burocracia que atrasa o desenvolvimento.

“Se o seu conselho de administração está travando as decisões ou somente criando burocracia, provavelmente ele não está funcionando da forma correta” — Renato Bagnolesi, Managing Partner da FESA Group

Do conselho de administração, fazem parte pessoas de diferentes áreas e setores da empresa com o objetivo de envolver diferentes pontos de vista sobre um mesmo tema. 

Partindo dessa lógica, formar um conselho administrativo pautado em diversidade e inclusão promove exponencialmente a tomada de decisões acertadas, uma vez que cada membro pode contribuir com diferentes visões acerca de uma mesma pauta. Essa estrutura é possível a partir de processos de recrutamento e seleção justos e inclusivos, bem como oportunidades igualitárias ao estruturar um plano de sucessão.

Governança corporativa e compliance: qual a relação?

O papel do compliance, que em português significa conformidade, é garantir que a conduta da empresa esteja de acordo com a legislação, regras e regulamentos, a fim de proteger e garantir a imagem e integridade organizacional

Logo, o compliance é um braço forte e indispensável da governança corporativa no que diz respeito à transparência, verdade e coerência dos processos, atividades e decisões. 

Os dois conceitos se fundem, entrelaçados à ética corporativa, que define o posicionamento da empresa diante da sociedade. Interligados, governança e compliance fortalecem o compromisso com o que é certo, impulsionando a boa imagem e reputação da marca.

Como as empresas podem colocar a governança corporativa em prática?

A adoção e integração da governança corporativa na gestão de uma empresa não é algo que acontece da noite para o dia. É preciso planejar com cautela esse novo cenário para avançar e, mais importante, não correr o risco de retrocesso. 

Confira nossas dicas para tornar a governança corporativa uma parte essencial da jornada empresarial!

Avalie se um sistema de governança é viável na empresa

O primeiro passo é entender se, no momento, faz sentido e a empresa possui o que é necessário para implementar as boas práticas da governança corporativa. Mesmo sendo um modelo mais comum nas companhias de capital aberto, o fato é que primar pela ética e transparência nas atividades e estratégias empresariais é benéfico para todo negócio.

Analise, por exemplo, a necessidade de captação de recursos ou atração de investidores. Se o resultado apontar para essa direção, a governança corporativa será uma adição válida para fortalecer a imagem e credibilidade da empresa.

Forme um conselho administrativo confiável, sólido e diverso

A formação de um conselho administrativo eficaz deve ser imparcial e considerar o potencial de contribuição de cada membro para o grupo. Considere fatores como diversidade, isonomia e autonomia para criar um conselho coeso, que transmita confiança. 

Para formar um conselho eficaz, é possível contar com a ajuda de uma consultoria. O auxílio especializado, sem uma relação direta com os negócios da empresa, possibilita um processo justo, imparcial e sem vieses, focado apenas nas necessidades estratégicas de longo prazo.

Atribua responsabilidades e grau de autonomia a cada membro

Todo grupo formado para discutir assuntos de interesse demanda uma hierarquia para organizar o papel e nível de participação de cada membro, por mais horizontal que seja a gestão, e a escolha certa é determinante para o conselho ser proativo e produtivo. 

Cabe ao conselho criar e fazer valer políticas e normas, bem como tomar decisões estratégicas sobre temas comerciais ou sensíveis. Quanto mais organizado e estruturado, melhores serão seus resultados.

Crie políticas de gestão de riscos

A gestão de riscos visa adotar ações ao nível gerencial e estratégico que sejam capazes de prever, identificar e mitigar situações com potencial de gerar impacto negativo nas atividades da empresa. 

Com as políticas bem-definidas, é possível se antecipar preventivamente a fim de evitar ou minimizar os conflitos presentes nas ocorrências e fatores contrários aos objetivos do negócio.

Realize alinhamentos periódicos

Agendas executivas costumam ser cheias, o que faz do tempo um recurso valioso. Os encontros entre os membros do conselho administrativo devem ser produtivos, exigindo compromisso individual e coletivo para as reuniões resultarem em contribuições estratégicas e efetivas para a evolução do negócio. 

A regularidade das reuniões é importante para: 

  • discutir temas de relevância;
  • criar planos de ação;
  • repassar normas, regras e diretrizes;
  • acompanhar projetos em andamento;
  • definir ou revisitar estratégias. 

A partir das reuniões, devidamente registradas em atas e pautas, o monitoramento se faz imprescindível para certificar que tanto as diretrizes quanto as ações planejadas estão sendo cumpridas no prazo e conforme as políticas estabelecidas.

O conselho administrativo também é responsável por criar rotinas de conferência, garantindo que a empresa percorra um caminho confiável de governança corporativa. Assim, será possível avaliar os pontos fortes e fracos, identificando o que deve ser intensificado e o que pode ser melhorado. 

A governança corporativa cria um ambiente empresarial favorável ao crescimento quando implementada da forma correta. As empresas que desejam obter lucro ao mesmo passo em que contribuem para uma sociedade pautada na equidade, em todos os sentidos, caminham um passo à frente se tiverem um sistema de governança consistente. 

Se você gostou deste conteúdo e deseja se aprofundar no assunto, aproveite para saber como o Conselho de Administração pode impulsionar uma empresa!

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