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Combate à LGBTfobia no mercado de trabalho é pauta urgente

Você sabia que 65% dos trabalhadores que se reconhecem como LGBTQIAPN+ afirmam já ter sofrido algum tipo de preconceito no ambiente organizacional? É o que revela uma pesquisa realizada pela consultoria Santo Caos, escancarando uma dura realidade: a LGBTfobia no mercado de trabalho.

Atitudes discriminatórias contra pessoas de orientação sexual diferente das heteronormativas são, por si só, graves e criminalizadas no Brasil. Quando influenciam na empregabilidade e presença da população LGBTQIAPN+ no mercado de trabalho, é preciso que as empresas tornem-se mais receptivas e ativas para entender o cenário e encontrar maneiras de combater o preconceito não só dentro das empresas, mas também fora delas.

Neste artigo, você entenderá o que é a LGBTfobia, qual o impacto desse comportamento na empregabilidade da população LGBTQIAPN+ e como as empresas podem agir para reverter o cenário. Acompanhe.

O que é a LGBTfobia?

LGBTfobia é o termo que descreve comportamentos, ações e todas as formas de violência contra pessoas que se reconhecem como LGBTQIAPN+. A conduta vai desde sentimentos velados até comportamentos que deixam expressa a aversão ao fato de alguém ter uma orientação sexual ou identidade de gênero diferente da heteronormativa.

Amparo legal

Embora não exista uma legislação trabalhista específica direcionada a esses profissionais, a lei é clara sobre as garantias de direitos do cidadão. No ambiente organizacional, por exemplo, os profissionais são amparados pelo artigo 461 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que decreta que aqueles que possuem funções idênticas na prestação de serviços a um mesmo empregador e em uma mesma localidade, devem ter a mesma remuneração, sem distinções.

Um grande avanço ocorreu em 2019, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) acatou a criminalização da homofobia e transfobia. Assim, declarações homofóbicas e transfóbicas de qualquer natureza passam a ser enquadradas como crimes de racismo, sendo passíveis de pena de reclusão pelo período de 1 a 5 anos e multa.

Qual o impacto da LGBTfobia no mercado de trabalho?

Muitas empresas estão empenhadas na construção de uma cultura organizacional equitativa, inclusive com o desenvolvimento de políticas efetivas de Diversidade e Inclusão. No entanto, o volume continua aquém do ideal.

A LGBTfobia no mercado de trabalho começa na resistência a oportunidades de emprego ou avanço na carreira quando há consciência de que se trata de um profissional LGBTQIAPN+. Prova disso é que apenas 8% dos líderes nas empresas são LGBTQIAPN+, conforme resultado do estudo comandado pelo Great Place to Work (GPTW) entre 2021 e 2022. 

Falta investimento em políticas de diversidade e inclusão e treinamento para as lideranças, além de estabelecimento de um novo mindset de quem está no topo das decisões e precisa entender a urgência de se adequar para não perder verdadeiras joias do mercado de trabalho, sem falar da vantagem competitiva.

Como a empresa pode combater a LGBTfobia?

Partindo do princípio que o maior ativo de uma empresa é seu capital humano, promover o bem-estar e integração entre profissionais com perfis, competências e habilidades diversas deve ser prioridade. Proporcionar um ambiente saudável, acolhedor e seguro para todos é imprescindível para atrair e reter os melhores talentos, além de alcançar melhores resultados.

Portanto, a forma mais adequada de combater a LGBTfobia no mercado de trabalho é, primeiro, investir em melhorias internas. E, acredite, são muitas as ações possíveis capazes de gerar um efeito positivo e transformador.

Trouxemos algumas dicas de como você e sua empresa podem agir para mudar o cenário de empregabilidade da população LGBTQIAPN+. Confira!

Invista no treinamento das equipes e lideranças

Um estudo realizado em 2022 pela Catho com mais de 5 mil trabalhadores brasileiros, incluindo colaboradores LGBTQIAPN+, mostra o seguinte cenário: 

  • 52% afirmam sofrer preconceito no ambiente de trabalho;
  • 45% não fala sobre sua orientação sexual para ninguém;
  • 33% falam abertamente sobre sua orientação sexual;
  • 23% falam sobre o tema apenas para alguns colegas.

O combate à LGBTfobia nas empresas deve começar pela conscientização. Independentemente do cargo ocupado ou hierarquia organizacional, todos devem ter consciência que o tema não se trata de opinião, mas de respeito.

Ao investir no treinamento das lideranças, a empresa potencializa as habilidades dos profissionais responsáveis pela gestão das equipes em identificar e mitigar comportamentos nocivos e preconceituosos, como piadas, ataques diretos ou mesmo a exclusão silenciosa de um profissional de um grupo.

Aqui, é importante ter em mente que líderes, muito além do poder de decisão, também são formadores de opinião e exercem influência sobre seus liderados. Logo, devem ser os primeiros a “comprar a ideia” e serem habilitados a entender como lidar com situações adversas com a cautela e profissionalismo que a pauta exige.

Invista em educação corporativa

Como dito no tópico anterior, a conscientização é o marco zero do combate à LGBTfobia. Formar e desenvolver profissionais continuamente, investindo no letramento e aprofundamento do tema, é fundamental.

Quanto mais a agenda for debatida, maior será o entendimento dos desafios e anseios de profissionais pertencentes à comunidade LGBTQIAPN+, bem como o engajamento e posicionamento de líderes e empresas que desejam ser protagonistas nessa jornada.

Tenha políticas de diversidade e inclusão efetivas

Inovação, diversidade e inclusão andam de mãos dadas. Em um cenário corporativo em que os pilares do ESG são critérios de reputação e aceitação de uma marca no mercado, ter um olhar cuidadoso sobre o capital humano é fundamental.

Isso quer dizer que não basta a empresa ter um discurso pró diversidade e equidade, é preciso apresentar políticas efetivas para o tratamento igualitário dos profissionais que dedicam sua expertise às atividades organizacionais e, consequentemente, para o combate à LGBTfobia no mercado de trabalho.

Quando falamos em políticas de diversidade e inclusão, falamos de ações que permeiam desde o recrutamento e seleção até o plano de desenvolvimento de talentos de uma empresa. Representatividade importa. Ver o semelhante em posição de liderança fortalece profissionais que possuem anseios similares. Por isso, nessa jornada, contar com profissionais aliados que promovam a agenda de forma genuína é fundamental.

Implemente um canal de ética

Transparência é um dos princípios básicos de empresas comprometidas com a segurança e acolhimento de seus colaboradores. Ao implementar um canal de ética, sua empresa permite que colaboradores registrem — em geral, de forma anônima — denúncias envolvendo episódios de desconfortos, ofensas, discriminação ou demais tipos de violência.

A criação de um espaço seguro e confiável estimula que todos os colaboradores, de grupos minorizados ou não, tenham a oportunidade de notificar uma violação ética ou descumprimento da legislação preservando sua identidade.

Os relatos e ocorrências registradas ajudam as empresas a analisar e criar um diagnóstico do clima e cultura organizacional, fornecendo à alta gestão elementos consistentes para tomar decisões com base em fatos.

A LGBTfobia é uma realidade na sociedade brasileira e, infelizmente, mostra-se longe de um fim. No entanto, todos temos a oportunidade de contribuir para transformar o ambiente em que fazemos parte — seja com pequenas ou grandes atitudes, o primeiro passo é querer! 

Agora que você já conhece a importância do combate à LGBTfobia no mercado de trabalho e meios para tal, conheça nosso Guia de Diversidade e Inclusão nas empresas? Nele, mostramos em detalhes como as empresas devem abordar o tema em suas ações com dicas exclusivas para fortalecer sua cultura organizacional e transformar o mercado de trabalho para melhor. Não deixe para depois!

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