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Como impulsionar a presença de mulheres negras na liderança?

A presença feminina em cargos e posições mais elevadas nas empresas abre uma discussão para um tópico importante que é a escassez de oportunidades para mulheres negras na liderança

Segundo o relatório Women Business 2024, elaborado pela Grant Thornton, o Brasil ocupa a 10ª posição com mais mulheres com cargos de liderança (37%) dentre os 28 países participantes da pesquisa. 

Embora o estudo aponte “caminhos para a equidade”, a verdade é que esses dados são inexpressivos e alarmantes, do ponto de vista da valorização profissional feminina, sobretudo, quando adicionamos recortes como o racial. 

Neste conteúdo trazemos um panorama sobre os desafios do mercado de trabalho para os talentos femininos e a falta de oportunidade para mulheres negras na liderança. Continue a leitura e veja como as empresas podem fomentar a presença dessas profissionais em posições estratégicas!

Quais são os desafios para a presença de mulheres negras em cargos de liderança?

Essa é uma pergunta complexa, considerando os diversos e ultrapassados argumentos que muitas empresas usam para não contratar ou promover talentos femininos, com um destaque para a segregação racial em cargos de média e alta gerência. 

A falta de talentos com as habilidades e competências necessárias, a própria condição de gênero ou ambiente de trabalho majoritariamente liderado por homens (o que deixaria uma líder feminina desconfortável) são algumas das justificativas infundadas que criam barreiras para o crescimento profissional. 

Considerando os dados citados no início e a realidade de um mercado excludente e parcial na escolha de profissionais para cargos de liderança, a discussão se faz necessária e urgente. Afinal, a presença de mulheres na liderança é desproporcional à sua representação na sociedade e em instituições de ensino superior.

Como as empresas podem fomentar a presença de mulheres negras na liderança?

O primeiro passo é revisitar a cultura organizacional para identificar lacunas relacionadas às políticas de recrutamento e seleção, diversidade e inclusão, desenvolvimento na carreira e oportunidades igualitárias.

Caso a empresa perceba que as práticas não condizem com os valores e condutas que acreditam e desejam transmitir para o mercado e a sociedade, deve reformular imediatamente os pontos levantados para reverter o processo. 

O estudo Mulheres na Liderança, realizado pela Agência Virta em parceria com o Instituto QualiBest, aponta habilidades de destaque nas mulheres essenciais para quem ocupa posições de liderança como:

  • resolução de problemas;
  • empatia;
  • adaptação a mudanças;
  • inteligência emocional; e
  • firmeza na tomada de decisões. 

De modo geral, não existem distinções ou impedimentos para que mulheres e homens tenham as mesmas oportunidades, desde que apresentem o perfil e as habilidades necessárias para atuar como gestores de departamentos e líderes de equipes. 

Dicas para garantir maior equidade do recrutamento ao desenvolvimento em cargos de liderança

Se a empresa deseja construir uma cultura diversa e inclusiva, pode e deve adotar práticas para que as profissionais não só ascendam na carreira, mas também tenham condições de firmar-se nos cargos e desempenharem suas atividades plenamente. 

Para isso, é preciso “furar a bolha” do tradicional, modernizar e alinhar os processos incorporando os princípios do ESG, sobretudo de Responsabilidade Social. Veja como o RH pode aderir a esse movimento de maneira mais efetiva:

Invista em vagas afirmativas

É fundamental que a empresa estabeleça critérios e tenha uma postura firme para investir nessas vagas, deixando claro o que é esperado do cargo, quais profissionais são elegíveis para o posto e que essa é uma medida para reforçar seu compromisso com a diversidade da força de trabalho. 

O processo pode ser exclusivo para candidatos de vagas afirmativas ou ter uma porcentagem destinada aos mesmos. O importante é que, ao se candidatar para uma posição de liderança, a profissional negra tenha a certeza de que terá as mesmas chances, competindo com homens e mulheres, independentemente da raça, cor e gênero.

Promova desenvolvimento e capacitação profissional

Um recrutamento e seleção de sucesso não se define apenas pela contratação do talento certo para a vaga certa, mas por toda a trajetória profissional, do onboarding a uma progressão de carreira de sucesso. 

Se a sua empresa ainda não possui uma filosofia de lideranças femininas, pode iniciar um programa de desenvolvimento de líderes com diretrizes similares ao padrão das vagas afirmativas, que serão aplicadas internamente para identificar as profissionais com potencial de se tornarem líderes no futuro, evidenciando a inclusão.   

Esse passo dá visibilidade às mulheres negras para que cheguem a cargos de liderança e/ou gestão. Aqui, cabe avaliar o que faz mais sentido em termos de capacitação para os objetivos empresariais e profissionais, seja mentorias, programas de desenvolvimento ou estruturação do plano de carreira.

Garanta um processo de recrutamento inclusivo

Além de criar vagas direcionadas ou que englobam um público específico, é primordial que o RH tome as medidas necessárias para garantir um recrutamento humanizado, inclusivo e empático.

Em um exemplo prático, muitas mulheres exercem dupla ou tripla jornada em seu dia a dia. Flexibilizar horários para entrevistas, entrega de testes ou demais etapas que se façam necessárias pode ser uma demonstração do cuidado e compromisso da empresa com a valorização dos profissionais desde o primeiro contato com a empresa.

Caso os recrutadores da empresa não sintam segurança para conduzir esse tipo de processo, é sempre recomendável contar com o auxílio de especialistas no tema para evitar qualquer tipo de desconforto de ambos os lados, além de garantir uma boa experiência no processo de recrutamento.

Promova ações de conscientização e importância da D&I

Uma cultura genuinamente diversa e inclusiva permite que as dicas deste conteúdo sejam um movimento natural e intuitivo. As pessoas passam a respeitar os limites e espaço do outro, compreender suas dores e a defender uma causa antes despercebida ou desconhecida. 

Com pequenas e grandes ações é possível envolver colaboradores, clientes, fornecedores e até mesmo a comunidade que, de forma direta ou indireta, colaboram no negócio, em uma atmosfera livre de preconceitos e discriminação

Falar sobre o potencial feminino no mercado de trabalho e mostrar que é perfeitamente possível ter mulheres negras na liderança coloca a empresa em uma posição diferenciada enquanto marca empregadora, mostrando seu interesse em profissionais habilidosos, que contribuem ativamente para o crescimento e inovação. 

As iniciativas de promoção da diversidade e inclusão começam na mudança de mentalidade sobre o que uma mulher é capaz de entregar em resultados. Por muitos anos, a figura feminina foi colocada em um lugar o qual suas habilidades analíticas e de gestão foram colocadas em cheque, como se essas competências fossem exclusivamente masculinas.

Quando uma empresa entende que está na hora de romper com uma mentalidade ultrapassada de gestão, abre um leque de possibilidades e oportunidades para os talentos mostrarem suas potencialidades, valorizando todas as habilidades que ajudam no crescimento do negócio. 

Ter mulheres negras na liderança, assim como demais grupos minorizados, fortalece empresas que já perceberam que seu bem mais valioso se encontra na força de trabalho — as profissionais femininas, multifacetadas e comprometidas com o trabalho, cada vez mais, mostram que não estão no mundo corporativo a passeio. 

Gostou deste conteúdo? Convidamos você a uma reflexão mais aprofundada sobre o assunto com a ajuda do nosso guia completo de diversidade e inclusão nas empresas!

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