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FESA Entrevista Vinicius Kitahara, Fundador da Vinning — Consultoria de Felicidade Corporativa parceira do Ecossistema FESA

Você já ouviu falar na Ciência da Felicidade? Vinicius Kitahara, fundador da Vinning — Consultoria de Felicidade Corporativa e parceiro da FESA Group, passou a estudar o tema em 2010 e hoje é especialista no assunto. Seu trabalho consiste em ajudar empresas a desenvolver programas de felicidade e performance corporativa. 

Nesta edição do FESA Entrevista, Kitahara contou como conheceu essa ciência e começou a trabalhar com felicidade no ambiente de trabalho, além da aplicação em pequenas, médias e grandes companhias. Confira o bate-papo completo!

Qual é o conceito de felicidade corporativa e da ciência da felicidade? 

Felicidade corporativa tem nome e sobrenome. É, de segunda a sexta, como você se sente, quais são suas emoções, como a empresa, sua cultura e os líderes podem trabalhar com esse assunto.

A ciência da felicidade tem a ver com as pesquisas das grandes universidades, como Harvard, Stanford e Yale, com dados que complementam a jornada da felicidade corporativa. Elas andam em paralelo e é um movimento novo, principalmente depois da pandemia, quando grandes lideranças entenderam a importância de investir na cultura da felicidade corporativa

A ciência da felicidade já provou que quando você investe no bem-estar dos colaboradores, as pessoas ficam menos doentes, trocam menos de emprego, são mais engajadas e produzem mais. Ou seja, é uma das poucas situações positivas para o indivíduo, para a empresa e para sociedade.

Como você começou a trabalhar a ciência da felicidade?

Tudo começou há 13 anos, quando passei por 3 situações complicadas em 3 anos seguidos — 2008, 2009 e 2010. Meu pai teve câncer, minha mãe ficou um mês na UTI quando descobrimos sua doença chamada Lúpus e eu quase perdi a vida em um assalto. Esses três eventos foram divisores de água para que eu começasse a estudar o tema felicidade. Quando comecei a estudar, ler livros e fazer cursos, descobri a ciência da felicidade. 

As melhores universidades do mundo estudam isso há décadas e fiquei apaixonado pelo assunto. Inicialmente, começou como uma jornada pessoal, porque eu queria ser mais feliz depois dessas situações. Mas quando descobri que existia a ciência da felicidade, comecei a aplicar isso na minha vida sem levar para o mundo corporativo.

De 2010 para cá, essa jornada cresceu bastante e as empresas começaram a aplicar. Nesse momento, conheci a FESA Group e sua história, que já acreditava em felicidade desde sua criação. Foi uma conexão enorme e, desde então, somos parceiros.

Antes de me tornar uma especialista em felicidade corporativa, curiosamente, trabalhava como headhunter. Eu sempre me interessei por pessoas bem sucedidas e, como eu trabalhava com posições C-level, foi muito interessante — muitas pessoas que conheci e tive oportunidade de conversar eram muito bem sucedidas e estavam felizes. Aquilo me chamou muita atenção, porque as revistas e os jornais falavam sempre de sucesso, mas eu estava conversando com várias pessoas que tem uma condição financeira privilegiada e não estão felizes. Ter muito sucesso e ser infeliz é um fracasso, pois você pensa “por que eu abri mão de tanta coisa e não estou me sentindo bem?”, e não precisa ser assim, podemos caminhar em paralelo. 

Quando descobri a ciência da felicidade, os estudos e as pesquisas, comecei a trazer isso para o mundo corporativo e achei uma combinação fantástica. O mais importante desse processo é que existiam lideranças que eram felizes e bem-sucedidas, e essas se tornaram grandes fontes de inspiração. 

A gente encontra também alguns clientes, e em um deles criamos um programa de felicidade com uma diretoria de felicidade. O CEO da empresa acredita na felicidade corporativa. Ele criou uma diretoria de felicidade. Então é muito importante que, durante a jornada, a gente encontre as pessoas certas. Recentemente, ouvi uma frase que achei bem interessante: muitas pessoas falam que a felicidade tem a ver com a linha de chegada e, atualizando essa visão, falam da jornada. Mais importante que a jornada são as pessoas que estão conosco. Felicidade tem muito a ver com isso: quem são as pessoas que vão estar lá comigo, que vão me trazer esse senso de felicidade.

Quais são os principais programas de felicidade corporativa que sua consultoria aplica nas empresas?

Começamos como uma escola de felicidade para pessoa física. Entre 2015 e 2017, eu tive a sorte de minha esposa passar em um MBA nos Estados Unidos e fui morar lá por 2 anos. Durante esse processo, a escola — que era presencial — tornou-se online, e começamos a atender as pessoas de uma maneira virtual.

Aquilo evoluiu para que as pessoas nos chamassem para palestrar, fazer workshops nas empresas que elas trabalhavam e surgiu a oportunidade de trabalhar no mundo corporativo. Começou com empresas pequenas, depois médias e grandes. Nesse processo, a FESA Group foi uma das pioneiras que apostou em um projeto de 2 anos para fazermos todos os pilotos. Foi fantástico! Encontro as pessoas no corredor até hoje e temos um grande senso de amizade e parceria. 

O grande divisor de águas foi a pandemia. Em 2020, quando ela surgiu, as empresas sentiram a dor e a importância de cuidar ainda mais das pessoas. Por isso, procuraram uma consultoria que já desenvolvia trabalhos no assunto. Felicidade corporativa tem nome e sobrenome. Felicidade é um grande conceito com várias verticais: têm a felicidade da pessoa que quer largar tudo e viajar o mundo, existe a vertente daqueles muito espiritualizados, há aqueles que são mais do esporte e também o foco de felicidade no trabalho. Eu sempre me especializei em conversar com quem tem meta, time e desafio, sendo um linguajar muito específico. Quando você tem a oportunidade de fazer isso em grandes empresas, o impacto é gigante. 

Para fazer nas grandes empresas, precisamos iniciar nas pequenas e médias. Foi uma evolução. Daqui a 10 anos, imaginamos que várias companhias vão ter suas áreas de felicidade, consultores de felicidade, gerentes de felicidade, do mesmo jeito que no passado não existia uma diretoria de Marketing e hoje toda empresa tem. O conceito de felicidade vai nessa tendência também. 

Há resistência para aplicar a ciência da felicidade? Se sim, como a consultoria quebra a barreira da resistência? 

Atualmente não existe um tema que seja unânime e precisamos entender que as pessoas pensam diferente. Em qualquer assunto existirá resistência, e também encontraremos aqueles que gostam. Com a felicidade corporativa acontece o mesmo: tem quem gosta e pessoas que não gostam. 

Nas empresas têm centenas, milhares de pessoas. Você pode iniciar com os times que já acreditam ao invés de tentar começar convencendo as pessoas que não gostam. Parece curioso falar isso, mas alguns clientes querem nos contratar para um trabalho de convencer a pior área, que está mais infeliz, que é resistente, e a gente fala: é muito mais relevante, eficiente e estratégico começar com as pessoas que já gostam e querem colocar na agenda, que estão disponíveis, que querem implementar em seus times e aplicar a felicidade, na prática.

É mais fácil e você terá mais resultados começando por quem já se interessa pelo assunto. O resultado cresce de uma maneira exponencial. 

Existe diferença da aplicação do conceito em grandes, médias e pequenas empresas? 

Sim, existe. Cada empresa é um caminho novo que aplicamos. O passo fundamental é a coragem de implementar. Se você é uma empresa pequena, tem mais agilidade para a implementação. Na empresa média, terá um impacto maior. A empresa grande tem os desafios de muitas aprovações, mas são grandes referências para inspirarmos outras companhias.

Eu sempre falo, independentemente do nível hierárquico que você está, é possível implementar felicidade corporativa com seu time ou começar até um passo antes com você mesmo, cuidar de você, ter essa consciência. Entender o que é bom para você é o passo número um, depois deve ser com seu time. Se, porventura, você estiver em um cargo de direção, sendo um diretor ou diretora, será necessário adaptar mais pessoas. Se for um presidente de empresa, impactará 1 mil, 10 mil, 15 mil, 50 mil pessoas. 

No fundo, percebemos dois pontos fundamentais:

  • O primeiro é que falta repertório, uma vez que as pessoas nunca ouviram falar de felicidade corporativa, não sabiam que existia uma ciência da felicidade e que era possível aplicar e trazemos esse letramento;
  • Já o segundo se refere à coragem, pois a tendência é clara e percebemos que aumentará. Tem empresas que vão começar primeiro e outras vão deixar para depois.

Como é possível metrificar os resultados dos projetos de felicidade corporativa?

As empresas já têm inúmeras métricas. Como primeiro passo, antes de criar a mensuração de felicidade, indicamos usar as métricas que a empresa já possui, como pesquisa de engajamento e satisfação, entre outras. Fazemos um projeto com um time piloto, e comparamos o resultado com quem está fazendo o programa de felicidade e com as pessoas que não estão fazendo. Esse já é um ponto inicial.

Ao evoluir, tem empresas que fazem uma pesquisa a cada 15 dias sobre felicidade. Por exemplo, temos um cliente com quase 15 mil pessoas no seu time que obteve uma taxa de resposta da pesquisa de felicidade acima de 80%. Isso é surpreendente! Muitas vezes, as organizações não chegam a 50% de resposta.

Fazer uma pesquisa a cada 15 dias e com mais 80% de resposta significa haver engajamento e as pessoas enxergam o valor. Quando começamos a mensurar, é possível ter ações efetivas para melhorias e um acompanhamento. Para a evolução, a mensuração é fundamental, mas mensuração não é o core do impacto e sim uma informação que auxilia a fazer a transformação através das pessoas, dos programas, dos treinamentos e da cultura.

Não espere ter uma pesquisa completa para começar, o que é um erro de algumas companhias que esperam ter o cenário perfeito para implementar a ciência da felicidade. Entendemos o cenário que você está e evoluímos, damos o primeiro passo. Não dá para fazer uma diretoria? Desenvolvemos um programa. Não dá para fazer o programa? Fazemos uma palestra, e assim por diante.

Como o tema contribui para o trabalho de gestão de pessoas? Seria para a diminuição de turnover e mudança na cultura organizacional, por exemplo?

Começamos a ver o impacto na produtividade, inovação, engajamento, além de reduções de ausência por doença, turnover e índices de burnout. Essas são algumas métricas que começamos a acompanhar com resultados. 

Muitas pessoas acreditam que essa pauta deveria vir do RH e eu, como especialista, sempre falo: felicidade corporativa não é uma pauta do RH, e sim de liderança. Quem está em cargo de liderança deveria se capacitar com essa ciência para aplicá-la. Tem uma frase do Simon Sinek que norteia muito nosso trabalho: “100% dos clientes são pessoas e 100% dos colaboradores são pessoas, por isso quem não entende de pessoas não entende de negócios”. 

Muito da jornada de letramento e acompanhamento é trazer a ciência da felicidade para que os líderes possam utilizá-la a seu favor. É mais fácil liderar um time infeliz, desmotivado e desengajado ou uma equipe feliz, motivada e engajada? A segunda opção é muito mais fácil. Se eu não fizer nada, não cairá do céu. Preciso ser intencional, ter ferramentas e conhecimento para aplicar.

Se fizermos isso de maneira consistente, a vida do líder e do colaborador são facilitadas, além de gerar mais resultados. Trata-se de uma das poucas situações boas para todos os envolvidos, então deveríamos fazer de forma estruturada e pegar o benchmarking do mercado, ver o que as empresas têm feito.

Como surgiu a parceria com a FESA Group?

Comecei a trabalhar como headhunter em 2010 e tive destaque como Head de Research onde eu trabalhava. A FESA Group me abordou para me contratar e fiz uma série de entrevistas, testes em inglês e até falei com o fundador, que me presenteou com seu livro que falava sobre felicidade. Quando avisei meus chefes na época, eles não me deixaram sair, cobriram a oferta e eu fiquei. 

Anos depois, um dos sócios da consultoria que eu trabalhava se tornou sócio da FESA Group. Fui morar nos Estados Unidos e quando voltei ele me chamou para bater um papo, saber o que estava acontecendo com essa questão de felicidade. Nessa conversa, ele me chamou para conhecer o CEO da FESA Group. Dei um “oi”, achei ele um cara bacana e voltamos a conversar. Nessas conversas surgiu a oportunidade de começar a implementar um programa de felicidade porque a empresa já tinha isso em seu DNA.

Durante 2 anos, rodamos um programa completo para a empresa inteira e foi um grande case. Desse processo, entre 2017 e 2018, ninguém falava de felicidade corporativa e a FESA Group foi pioneira no movimento.

Quando a organização evoluiu para criar o ecossistema de todas as empresas e o conceito de felicidade corporativa começou a aquecer no mercado, houve um momento natural de aproximação e recebi um convite para fazer parte. Mas, desde 2017, quando fiz o programa, eu já me sentia parte da FESA.

No fundo, foi apenas uma nomenclatura porque estar aqui e fazer coisas juntos sempre foi nossa filosofia e nossa relação de longo prazo. Espero que juntos possamos conquistar esse mercado de felicidade corporativa, porque é um conceito muito novo e a maioria das empresas nunca ouviu falar. Aquelas que já ouviram começaram a implementar, gostam e tem resultados.

Mas quantas companhias pequenas, médias e grandes existem no Brasil? Então, a importância do ecossistema é fundamental, pois as empresas que estão na FESA Group vão ganhar tempo. Acredito que quando você traz as melhores práticas e os especialistas, é possível resolver questões que o cliente nem imaginava que existia.

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