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Esgotamento mental e o adoecimento silencioso da liderança

Além da liderança de áreas e projetos, gestores também são responsáveis pela promoção de um ambiente de trabalho mais saudável e propício ao desenvolvimento contínuo. Mas, como promover um ambiente de engajamento e produtividade quando o esgotamento mental também acomete a liderança?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a saúde mental como um conceito que engloba bem-estar mental, físico e social. A atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), para incluir a saúde mental e a Síndrome de Burnout como uma doença ocupacional, mostra o quanto a questão se tornou preocupante. Uma condição que tem afetado milhares de profissionais, independentemente da hierarquia. 

Dados do Ministério da Previdência Social apontam que em 2024 mais de 470 mil trabalhadores foram afastados de suas atividades em função de problemas psicológicos, representando um aumento de 68% comparado ao ano anterior. 

Neste artigo, você conhecerá os principais motivos do esgotamento mental na liderança e como as empresas podem agir para prevenir esse cenário desde o topo da hierarquia empresarial.

Por que as lideranças estão esgotadas?

Sobrecarga de trabalho

O acúmulo de demandas e volume de atividades atribuídas a um líder que precisa ser ágil nas entregas e proporcionar precisão nos resultados pode gerar uma carga incompatível de trabalho e, consequentemente, um desgaste excessivo que afeta diretamente sua saúde mental.

Clima organizacional desfavorável

Falta de reconhecimento e valorização, ambiente conflituoso, assédio, falta de apoio e recursos e tratamento não igualitário contribuem para o abalo emocional da liderança que, diante desse cenário, perde gradualmente sua motivação, podendo até mesmo desenvolver outros comportamentos como a síndrome do impostor.

Pressão por resultados

O peso da palavra “líder”, seguido da cobrança por soluções ágeis e bons resultados constantemente, cria no profissional um sentimento de que não há espaço para erros ou performance aquém do esperado. Essa pressão causa ansiedade, autocobrança em excesso e picos de estresse com episódios de instabilidade emocional que oscilam entre o medo e a irritabilidade.

Quais os impactos do esgotamento mental nas lideranças empresariais?

O líder é um ponto referencial nas empresas, ocupando uma posição estratégica de direcionamento e execução. Além disso, ele é um formador de opinião com influência direta nas ideias e comportamento das equipes que lidera. 

O esgotamento mental, nessa situação, provoca uma série de desdobramentos com impacto direto nos resultados. Veja alguns deles.

Desequilíbrio comportamental

Um líder com as emoções desgastadas tem dificuldades de concentração e de se manter equilibrado, o que pode levar a falhas na comunicação, dificuldade para mediar conflitos, falta de paciência diante da complexidade dos processos e maiores níveis de irritabilidade com as atividades e decisões da rotina.

Insegurança na tomada de decisão

Com suas emoções abaladas e em um ambiente de pressão constante, é natural que o líder tenda a titubear na tomada de decisão. O esgotamento mental faz com que o pensamento crítico e raciocínio lógico também sejam afetados, muitas vezes agindo pelo impulso de uma resolução sem necessariamente tomar o caminho mais adequado.

Impacto na cultura organizacional

Como dito no início deste tópico, líderes moldam pensamentos e comportamentos. Em um ambiente instável e com uma liderança esgotada, dificilmente os colaboradores sentirão que ali há solo fértil para desenvolvimento profissional, crescimento e realização de boas entregas. Logo, as taxas de turnover aumentam, o desengajamento toma conta do ambiente e o impacto negativo nos resultados é inevitável.

Como evitar o adoecimento silencioso das lideranças?

É imprescindível que a empresa esteja atenta ao clima organizacional e em como os colaboradores se sentem no dia a dia. Essa deve ser uma preocupação intencional e contínua, não apenas uma ação pontual.

Com o suporte de um RH estratégico e parcerias especializadas, se necessário, é possível prevenir que a liderança chegue ao ponto do esgotamento, evitando seu afastamento e adoecimento mental. 

Entre as boas práticas para implementar e antecipar ocorrências de esgotamento mental da liderança, destacamos:

Incentivar e promover o equilíbrio entre vida pessoal e profissional

Ter uma carreira de sucesso e ser reconhecido como um profissional acima da média é algo que muitos líderes almejam. No entanto, é importante lembrar que o trabalho é um pedaço de nós, e para alcançar o equilíbrio é necessário valorizar também quem somos fora do trabalho.

Incentivar o descanso dentro e fora do horário de trabalho é importante para revitalizar o corpo e a mente. Pequenas pausas ao longo do horário comercial e investir em um hobby fora dele, por exemplo, são pequenas atitudes que fazem a total diferença. Aqui, o importante é tratar esses momentos como autocuidado, e não mais um motivo de cobrança.

Oferecer benefícios e/ou programas de apoio psicológico

Uma jornada com horários flexíveis, acesso a terapias com especialistas e programas que ajudem no gerenciamento do estresse são alguns investimentos que a empresa pode fazer para proporcionar um ambiente favorável ao bem-estar individual e coletivo. 

Com o suporte psicológico, o líder tem a oportunidade de identificar seus pontos fortes e de melhoria, desenvolvendo o autoconhecimento e a inteligência emocional. Ter ciência das causas do esgotamento mental ajuda a evitar que determinadas situações cheguem ao extremo, provocando um adoecimento significativo e silencioso.

Definir metas e papéis de forma clara, estruturada e regular

Apesar do papel de responsabilidade sobre processos e equipe, o líder também precisa de direcionamentos para atuar com eficiência. Em caso de mudanças ou qualquer alteração nos objetivos da empresa é importante ter clareza quanto ao que se espera da liderança e sua equipe. 

O planejamento e definição de metas deve considerar não só o que a organização almeja, mas também as competências de quem ocupa os cargos de liderança, os recursos à disposição das equipes e a condição de trabalho no ambiente organizacional.

Promover a cultura do feedback

A criação de uma política de feedbacks contínuos, inclusive para as lideranças, como uma ferramenta de desenvolvimento e crescimento fortalece a relação de troca. Uma conversa transparente, respeitosa e multilateral alinha as percepções sobre o que está bom e o que pode ser melhorado para não se tornar mais um ponto de conflito. 

É essencial que o momento seja encarado como oportunidade de melhorias e não de críticas, no intuito de prevenir desgastes na rotina. O feedback gera insights valiosos para ajustes rápidos e antecipa a adaptação a mudanças previstas e não previstas.

Desmistificar a imagem do líder inabalável

A figura do líder é, muitas vezes, vista como a de alguém que detém todas as informações, com grande capacidade de resolver problemas e tomar decisões. Acontece que, antes do gestor, existe um ser humano com histórias, convicções e sentimentos como qualquer outro. 

Mesmo responsável por transmitir segurança e força à equipe, um líder não está imune a sentimentos desordenados e de difícil gerenciamento. A ideia de que um líder nunca erra, não demonstra fraqueza ou não se abala com acontecimentos da vida pessoal ou profissional não pode ser perpetuada.

Cabe à empresa transformar essa percepção e ajudar na construção de uma imagem factível e real — ou seja, passível de sentimentos como cansaço, tristeza, irritação e estresse, que humanizam a liderança, gerando empatia, aproximação e maior entendimento de quem está acima ou abaixo de sua gestão. 

O esgotamento mental é resultante de uma exaustão física e emocional que pode ter origem em diversos fatores. Quando associado ao trabalho, precisa da intervenção da empresa de modo que esse profissional se sinta amparado e seja capaz de lidar com as causas e efeitos, para reajustar e reequilibrar as emoções. 

Se você gostou deste artigo e deseja oferecer um ambiente de trabalho saudável e seguro para os colaboradores da sua empresa, conheça o conceito da felicidade corporativa e entenda como sua empresa pode se beneficiar da ciência da felicidade!

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